No sentir, sempre fui tormenta.
Sempre estive apaixonada e sempre foi de forma intensa.
Meu coração nunca ficava vazio e minhas expectativas não me deixavam em paz.
Eram como relâmpagos em noites escuras. Iluminavam, mas davam medo, também.
Acreditava apenas no amor vermelho, vivo e que fosse forte o bastante para fazer o coração bater descompassado.
Por isso, sempre vivi amores fulminantes.
Aqueles que vinham do nada e (me) levavam tudo.
Vivia novas paixões todos os dias e da forma mais intensa possível.
Furacão.
No começo doía bastante, mas depois aprendi a enxergá-los como uma fase entre dois tempos.
Do céu cinza ao arco-íris. Do barulho alto do trovão ao (quase) silêncio da brisa.
Aos poucos e depois de muita tempestade,
meus amores de tormenta viravam calmaria.
Quase que como um respiro para que eu tivesse tempo de reconstruir a cidade depois dos estragos da chuva forte, vinha a vontade de deitar na rede e aproveitar o silêncio que o bom tempo e a solidão oferecia. O vento soprava em meu ouvido e me dizia para acalmar meu coração, porque amores deveriam ter gosto de nuvem e barulho de sussurro.
Fechei os olhos,
senti a brisa
e de repente,
sozinha,
me vi em constante calmaria.
Sombra, brisa, mar calmo e tempo firme.
A paisagem era tão linda quanto o sentimento que ela trazia.
Não tinha casa para reconstruir e nem móveis para arrastar.
Era só sossego.
Tranquilidade.
Meu sentir, que sempre foi trovão, se tornou vento fresco em dia quente.
Respiro.
Suspiro.
[sobre sentir e amar com (c)alma]
Que texto maravilhoso, é incrível como você coloca em simples palavras essa calmaria que diz sentir; com o tempo, o nosso coração muda, se tranquiliza, e de furação, ele se transforma e passa a ser uma simples garoa, mais uma leve calmaria.
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