Soul sister

por | out 13, 2016 | Pessoal | 1 Comentário

Nunca fomos as melhores amigas na infância, não. Eu sempre fui melosa demais para sua praticidade toda. Sempre fui de querer abraçar e você odiava contato. Sempre quis mandar nas brincadeiras, mas você mandava mais que eu. Nunca fazia nada se não quisesse, sempre falou o que pensava e sempre teve a personalidade forte. Gêmeos com Capricórnio, não tem como combinar, né? Na pré-adolescência, você foi ainda pior. Nunca nos vimos como verdadeiras amigas; éramos apenas duas estranhas que dividiam a mãe, o quarto e as preferências por cores de esmaltes. Brigávamos por tudo. Pela louça que deveria ser lavada, pelo horário no computador, pela altura do volume da TV, pelo filme escolhido e até pelas bandas favoritas. A gente dedurava a outra para a mãe, mas, esporadicamente, aprendemos a guardar alguns segredos. Virávamos cúmplices, quando a situação exigia.

Os anos passaram e demorou para que virássemos, enfim, amigas e, ainda assim, você nunca foi lá muito aberta. Tentei, por várias vezes, fazer mais parte da sua vida, rotina, dias e segredos, mas você sempre foi centrada demais, discreta demais, fechada demais. Continuo culpando seu signo que tem coração gelado, bem contrária a minha expansão toda. Porém, no ano retrasado, você me deixou entrar. E foi ali o momento em que percebi que somos as melhores amigas uma da outra. Foi na dificuldade que percebemos a força que temos e a cumplicidade que construímos mesmo sem perceber. Não foram brincadeiras e recordações fofinhas que nos mostraram o amor que sentimos uma pela outra: foi a treta, como tudo o que gente já se acostumou a passar.

Você sabe que eu sempre amei você, mas depois que colocou o Tutu na minha vida, esse amor triplicou. Quando eu disse que você me deu o melhor presente que já ganhei na vida, não é pra ser bonitinha, não. É verdade. Eu jamais esperaria que pudesse ser tão grata a minha irmã mais nova, mas, nossa, como eu sou. E hoje, to escrevendo porque sinto sua falta. 

Eu sinto falta de brigar com você pela roupa pega sem autorização. Sinto falta de ouvir você me contar sobre qualquer coisa que eu não tenha tanto interesse. Sinto falta de zoar o seu gosto musical horrível, ou de comentar qualquer coisa sobre Supernatural. Sinto falta de assistir RuPaul’s de madrugada e de elogiar seu desempenho na faculdade. Mas o que eu mais sinto falta é de poder ver você se tornando essa mulher linda de pertinho, sem ser pela tela do celular. 
Mas, sabe, não importa o quão longe eu esteja. Não importa que a gente não se fale todos os dias. Você sempre vai ser aquela coisinha barriguda, brava e invocada, que queria me bater quando eu chamei de “ju” e, por isso, eu eternizei esse apelido que só eu e você entendemos e que nunca pegou, de fato. Eu tenho certeza que você vai me dar muitas outras felicidades e estou aqui, observando de longe, cada pedacinho do castelo lindo que você está construindo sozinha.

Te amo demais, peste. Morro de saudade. Todos os dias.

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1 Comentário

  1. Michele Saqui

    Coisa mais linda. Amor de irmã é pra sempre. Amo as minhas, são realmente as melhores amigas, as mais fiéis.

    Responder

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