5 motivos para não assistir GirlBoss

por | abr 22, 2017 | Séries | 15 Comentários

Lembro quando o livro #GirlBoss foi lançado. Todas as blogueiras e empresárias que eu admirava estavam lendo, amando e, naturalmente, endeusando a Sophia Amoruso, CEO & Founder da NastyGal. Não teve como: quando percebi, estava extremamente curiosa pelo livro da capa rosa e com o título de hashtag. Chegou no Brasil, comecei a devorar e… Parei no meio.

Sim, igualzinho quando você está morrendo de fome, pede o maior lanche do restaurante e quando ele vem, está tão cheio de picles que, mesmo tirando, você não consegue mais comer. Perde o apetite, sabe? Foi bem assim e o motivo foi bem mais específico do que esse meu exemplo gastronômico.

Com as chamadas para a série da Netflix, eu confesso que fiquei interessada novamente, afinal, é outra narrativa e tudo que é produzido pelo nosso canalzinho tem uma ótima qualidade. Vi os teasers, vi o elenco e, quando ficou disponível, devorei em duas noites.

E então, saiu este post. 

Como não esperar uma baita série com esse look, né?

Me desculpe se você está empolgadíssima para a série, mas esse post te apresentará 5 motivos para não assistir GirlBoss.

Aviso: quase não tem spoilers, só cito de levinho umas passagens e uns personagens, mas pode ir de boa. 

1. É mais uma história de uma garota branca, privilegiada e que atribui o seu sucesso ao seu esforço

Eu não sei se já cheguei a falar sobre política ou minha visão sobre o assunto, aqui no blog, mas caso você não me conheça bem o bastante, um aviso: não acredito em meritocracia – e tanto o livro quanto a série é sobre isso. Por mais que a gente veja uma Sophia sem grana pra pagar o aluguel, pra comer e etc, vemos também uma mina branca, gata, magra, morando sozinha, com carro e que teve a opção de largar a faculdade.

Tudo isso, por mais que pela ótica da série possa parecer difícil de ser considerado privilégio, é. Ela tem pra onde correr se tudo der errado, sabe? Ela só não o faz por que é rebelde demais pra assumir seu fracasso (o que também é louvável, é claro). É legal ela ter essa garra de se bancar sozinha, ser independente e etc? Demais. Só que não é justo você atribuir o sucesso apenas ao seu esforço quando, no caso, ele está lado a lado com uma série de vantagens, né? 

2. A série dá a entender que para alcançar o sucesso, você precisa ser um idiota com todo mundo 

Ok, pode não ser exatamente isso, mas é o que podemos tirar do comportamento extremamente desrespeitoso da Sophia. Ela não só trata todas as pessoas que a rodeiam de forma extremamente rude e egoísta, como simplesmente toca o foda-se para os sentimentos até mesmo da melhor amiga (Anne, btw, melhor personagem), que dedica todo o seu tempo livre para ajudá-la.

Eu entendo o quanto você tem que acreditar em si mesma pra fazer suas coisas darem certo, mas desde quando isso é sinônimo de ser uma imbecil com pessoas que apenas perguntam qual é o destino do seu vôo de um jeito fofo e natalino? 

3. Sophia tem 0 respeito com o trabalho alheio 

Eu acho engraçado que hoje em dia a gente fala muito sobre empatia e etc, aí vem uma série que nos mostra uma mina jogando dinheiro pro alto com um negócio que acaba prejudicando outras pessoas.

Calma, eu vou formular melhor pra não parecer que estou vivendo em Wonderland e que o capitalismo não existe.

O que eu quero dizer é que ela nunca sequer demonstrou respeito pelo negócio das outras pessoas, como quando o pessoal do fórum vintage fala com ela. Ela simplesmente fala “são negócios, vida que segue” e continua fazendo o seu. O que é irônico é que ela sempre prezou por sua autenticidade e etc, quando na verdade ela até já sofreu uns processos por plagiar pequenos designers e etc – isso na vida real, mas que não dá pra deixar de lado quando a gente começa a assistir a série. É meio controverso, sabe?

Outra cena que incomodou muito, na série, é quando ela simplesmente entra numa loja de fast fashion que está vendendo um vestido que ela tem estoque, e ela simplesmente desmonta o manequim e ignora a vendedora completamente. Babaca.

4. Ela precisa humilhar as pessoas para se sentir bem consigo

Eu tenho certeza absoluta que você, em algum momento da sua vida, já teve uma amizade tóxica assim. Sabe aquela pessoa que quando você conta que vai viajar pra Maceió nas próximas férias, faz cara de desgosto e fala que vai pra Abu Dhabi e que aquilo é turismo de verdade? Então. É a Sophia. Ela se considera – ou precisa se considerar – tão acima das outras pessoas que não pensa duas vezes antes de humilhá-las, como fez com o vendedor do brechó em que ela faz seu primeiro achado. Ou até como fez com o Shane no hotel, criticando o trabalho dele, a forma com que ele o executa e ainda dizendo categoricamente que jamais se sujeitaria a algo do tipo. Eu assisti aquilo e só consegui me perguntar QUAL A NECESSIDADE, NÉ? Mas enfim, seguimos. 

5. A série é mais do mesmo

Eu até entendo que não é todo dia que temos uma história de uma mina de 23 anos construindo um império online e tal, mas tirando isso, gente, que série mais do mesmo. Me senti assistindo Malhação com palavrões e gritos. Tudo muito mais do mesmo e que te permite cochilar uns minutos, voltar a assistir e nem precisar voltar as cenas porque, de fato, você não perdeu nada. 

//

E como sou justa, 2 motivos para ver.
O primeiro é RuPaul, claro.

Que representa bem o meu sentimento ao assistir a série.

E o segundo, é que é uma série muito bem produzida

O que eu já esperava da Netflix, né? Além da trilha sonora ser absurda de boa, a edição da série é boa, a fotografia é legal e, obviamente, os looks são fantásticos – o que acaba tornando a série “assistível” para quem é apaixonada por moda. Mesmo cheia de críticas, não dá pra finalizar a maratona sem querer fuçar o guarda-roupa e dar uma ousada na próxima composição.

Aposto que você fará o mesmo. 😉

_

Se você me achou chata e quer ver mesmo assim, vem ler o post da Babee que te conta um pouquinho sobre o livro pra você se inteirar antes de começar a maratona Netflix. 

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15 Comentários

  1. Evelyn Reis

    Eu comecei a assistir ontem , e não passei do segundo episódio, a primeira fala dela é bem interessante, só que daí vi como ela tratou com total desrespeito a gerente de onde ela trabalhava, e ainda por cima ti vou um tapete, quem ela acha que é!? E depois o jeito como ela tratou o pai , pra mim foi demais , não consegui engolir .

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  2. Unknown

    Li esse post todo, e só acho que ñ existe o politicamente correto! Atire a primeira pedra quem nunca fez algo do gênero pra alcançar seus objetivos? A série foi adaptada contando a história dela, o que ela fez pra conseguir o alcançar o objetivo dela dependia muito da situação que ela vivia e realizar o seu sonho. Acho q o post teve muito mimimi e na real acho que ñ entendeu no final o verdadeiro sentido e motivo da realização do negócio del ater dado certo! Cada um com sua opinião! Vamos respeitar. Eu adorei a série!!!

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  3. Michele Contel

    Que bom que você gostou da série, Shee! Ainda bem que todas as pessoas têm pensamentos independentes, né? 🙂 O post no blog representa a minha opinião e, parafraseando o seu comentário, "Cada um com sua opinião! Vamos respeitar". ♥

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  4. Kássia Simas

    não concordo com o seu ponto um, entendo os outros pontos de vista. entretanto acho que deveria terminar de ler o livro. Eu realmente achei a série superficial em relação ao livro porque no livro temos textos de outras mulheres bem sucedidas, pra mim o livro é de um certo empoderamento feminino, mais do que só contar a história dela.
    Outra coisa que você não sitou e não curti na série foi o foco excessivo no relacionamento dela com os pais e o tal namorado que não tem tanto foco no livro.
    e sim, a trilha sonora e os figurinos são mara.

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  5. Fran Emmerick

    Assisti tudo em 2 dias também é concordo com quase tudo com o que você disse, com exceção da número 1. Pois mesmo tendo um pai disposto a ajudar ela simplesmente quis alcançar seu sucesso sem a alavanca dele. Isso é corajoso, sabe? E ela não perde o mérito dela por isso. Crítica-la por ser uma branca privilegiada é fácil. O difícil é abrir mão da mesada do papai pra conquistar o seu lugar no mercado de trabalho e obter (muito) sucesso com isso. No mais eu realmente concordo com tudo o que você disse.

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  6. Camis Oliveira

    A série me decepcionou tanto, li teu post ansiosa achando que tu iria falar do ponto que mais me incomodou que foi o fato dá série focar totalmente no romance dela é nos relacionamentos e não contar a trajetória REAL OFICIAL de criar a Nasty Gal como no livro. Isso pra mim foi o que fez virar uma grande malhação. Além de que – sou suspeita pra falar porque gostei muito do livro – mas achei que a série transformou ela nessa menina mimada insuportável quando, lendo o livro, ela estava mais pra uma guria sonhadora e idealista que OK era meio irresponsável mas não era toda essa garotinha rebelde e egoísta que foi pintada na série. Pelo contrário, no livro ela valoriza muito as pessoas que estão com ela desde o começo e na série ela trata a Annie de um jeito escroto. Enfim, acho que a série mostrou pouco do trabalho dela é muito de uma personalidade patética que eles criaram.

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  7. Unknown

    Eu acho que as críticas que foram postas são mostradas na série. Ela ser egoísta?! Eles falam dis
    si e nós vemos isso e a personagem vê isso. E eu acho que tudo bem, é sobre uma pessoa real a serie poxa!Eu acho que a serie é mt mais sobre empoderamento feminino no mercado do que sobre ela em si. Ela tem privilégios? Sim. Mas na hora de uma reunião com acionistas ela seria só a mulher sentada na mesa que não poderia falar. Ou eu to mt errado lendo a serie dessa forma? Eu pego como base a iniciativa da propria Sophia que tem uma entidade que promove o empreendedorismo feminino.

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  8. JxGx

    Aliás, uma coisa que me incomodou que não foi citada aqui é a forma como retrataram as feministas. A moça que aborda ela e o namorado na rua é mostrada como uma desiqulibrada, usando pautas feministas de maneira ridícula, um verdadeiro desserviço.

    Não sei se isso é coisa do diretor, dos produtores (que aliás inclui a Charlize Theron, o que me decepcionou um pouco) ou da própria Sophia (a real), mas é possível ver claramente, além do discurso meritocrata, um discurso antifeminista embutido na obra…

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  9. Unknown

    To assistindo agora e to com uma impressão de que é ruim e cheio de clichês sobre o mercado de moda.

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  10. Isa

    quando me perguntam o que eu achei de Girlboss eu simplesmente encaminho teu texto! obrigada por isso 🙂

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  11. Unknown

    Série ótima! Uma garota começando a vida, e perai, quem nunca quis fugir da vida adulta? Tds aqui vivendo e aprendendo. Ela eh sucesso e o mérito eh todo dela! Menos ódio no coraçãozinho ♥

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  12. Paloma Wancleia

    Em vários blogs que entrei esses dias tinha uma resenha ou algo falando sobre #GirlBoss, mas nenhum deles me fez querer assistir essa série ou ler esse livro. Achei teu ponto de vista incrível, Michele! <3
    Blog M E R A K I

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  13. HannaK.

    Eu não sei, para mim, uma jovem adulta de quase 19 anos, que acabei de assistir a série depois de meses desejando mas sem tempo, essa história toda da Sophia me fez refletir bastante. A série no tempo da personagem durou 2 anos, enquanto para mim,apenas 13 eps que só não maratonei no mesmo dia porque comecei a assistir à noite. Concordo que ela tem uma personalidade forte e um tanto ofensiva (que acho que puxou da mãe), mas mesmo que seja "mais do mesmo" e que não tenha nada de extraordinário, é uma série necessária para aqueles momentos que você realmente acha que está na merda e precisa apenas assistir algo e tentar tirar algum aprendizado (o que claro, eu não faria assistindo Stranger Things porque o mundo invertido me distrai com tanta genialidade!). Talvez a história tenha ficado mais interessante com a produção da Netflix, não sei, mas gostei do roteiro simples e sincero, afinal, todos às vezes queremos ser egoístas e xingar tudo o que não nos agrada, mesmo que quando assistimos isso ficamos meio "eu não faria isso", mas a verdade é que todos já fizemos alguma vez.

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